terça-feira, 16 de abril de 2013

RESENHA CRÍTICA DA OBRA A ECONOMIA DAS TROCAS LINGUÍSTICAS DE BOURDIE

                                                   UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
 
 
 
RESENHA CRÍTICA

 

 

Nome: MARCOS ANTONIO MARTINS DE CARVALHO e EMERSON ARAGÃO CARDOSO

Curso: LICENCIATURA EM ESPANHOL Data: 03/04/2013 Disciplina: POLÍTICA EDUCACIONAL

 

OBRA:  A ECONOMIA DAS TROCAS LINGUÍSTICAS

 

ORTIZ, Renato (org.) 1983. Bourdieu – Sociologia. São Paulo:  Ática. Coleção Grandes Cientistas sociais, Vol.39.p.156-183.

 

APRESENTAÇÃO DO AUTOR DA OBRA

Pierre Félix Bourdieu, nasceu em Denguin, em 01 de agosto de 1930 e morreu em Paris, no dia 23.01.2002, foi um importante sociólogo francês.

De origem campesina, filósofo de formação, foi docente na École de Sociologie du Collège de France. Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, lingüística e política. Também escreveu muito sobre a Sociologia da Sociologia., sempre se posicionado claramente contra o liberalismo e a globalização.

O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital.

PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA

Na agenda teórica proposta à Teoria Sociológica contemporânea, Bourdieu refere-se  a construção de conceitos e a postura crítica do intelectual diante de uma tomada de posicionamento com respeito a linguagem em sua discussão sociológica. Ao compor, o texto Bourdieu dialoga com a idéia de esferas, proposta por  autores como Chomsky, Saussure, Bakhtin entre outros.

BREVE SÍNTESE DA OBRA

A obra é constituída de dez partes, incluída a introdução e a conclusão,  e nela Bourdieu discorre de maneira inteligente de como existe uma oposição artificial entre a linguística externa e a linguística interna, entre a análise da forma da linguagem e a análise da função social que ela preenche: a relação objetiva entre locutor e receptor funciona como um mercado que age como censura, conferindo aos diferentes produtos linguísticos valores muito desiguais. Cada mercado se define por diferentes condições de entrada e, quanto mais estrita for a censura, mais a forma deve alterar-se e alterar, consequentemente, o conteúdo expressivo.    

Na primeira parte, Bourdieu fala sobre a competência ampliada, e afirma que a linguagem é uma práxis, pois ela é feita para ser falada, isto é, utilizada nas estratégias que recebem todas as funções praticas possíveis e não somente as funções de comunicação.

Na segunda parte, as relações de produção linguísticas,  diz que o discurso deve sempre suas características mais importantes  às relações de produção linguística nas quais ele é produzido.

Na terceira parte, linguagem autorizada, onde este diz que a língua não é somente um instrumento de conhecimento ou comunicação, mas um instrumento de poder.

Na quarta parte, capital e mercado, ele fala que o discurso é um bem simbólico que pode receber valores muito diferentes segundo o mercado onde ele está colocado.

Na quinta parte, a formação dos preços e a formação dos lucros, segundo Bourdieu, um dos determinantes mais importantes da produção linguística é a antecipação dos lucros. A antecipação dos lucros está inserida de maneira durável no hábitos linguístico, se for estabelecido os mecanismos de formação de preços das diferentes espécies de discursos em diferentes mercados. O valor social dos produtos linguísticos advém de sua relação com o mercado.

Na sexta parte da obra, censura e configuração, aqui Bourdieu, discorre que existe uma maneira oficial e formal de usar a linguagem, e que uma pequena burguesia é caracterizada pelo uso dominante dessa linguagem culta, onde quem não usa este tipo de linguagem pode ser reconhecido facilmente como sendo de outra classe social, a classe dominada.

Sétima parte, o autor fala sobre o reconhecimento e o conhecimento, ele diz que quanto maior for a distancia entre o reconhecimento e o conhecimento, maior será a tensão entre eles, sendo o reconhecimento uma forma social como é visto o individuo criado para ser um individuo de domínio da linguagem erudita,  ou seja um individuo que detém o conhecimento e esse individuo será um dominador, enquanto o individuo que não tem o conhecimento da linguagem será o dominado. Oitava parte, o capital linguístico e o corpo, aqui são descrita que a linguagem é uma técnica do corpo e a Competência linguística, especialmente a fonologia é uma dimensão da héxis corporal onde se exprime toda relação com o mundo social.

REFLEXÃO  SOBRE A OBRA E IMPLICAÇÕES

De modo geral, o autor apoia-se em alguns estudiosos para emitir sua conclusões e em várias oportunidades declara suas próprias idéias sobre a linguagem e outro aspectos ligados à maneira como a comunicação ocorre na sociedade.

Com este discurso, incentiva-nos a buscar outras leituras e confrontá-las com seus estudos para termos uma visão mais contextualizada e real de como a comunicação através da linguagem é importante para todos os homens.

Coerente com essas preocupações, a abordagem crítica é essencialmente relacional: busca investigar o que ocorre nos grupos e instituições relacionando as ações humanas com a cultura e as estruturas sociais e de linguagem, procurando entender de que forma as redes de poder são produzidas, mediadas e transformadas. Parte do pressuposto de que nenhum processo social pode ser compreendido de forma isolada, como instância neutra, acima dos conflitos ideológicos da sociedade. Ao contrário, estão sempre profundamente ligados, vinculados, ás desigualdades culturais, econômicas e políticas que dominam nossa sociedade.

AVALIAÇÃO CRÍTICA  

            O texto de Bourdieu uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de diversas releituras e pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos apresentados, uma vez que as conclusões emergem a partir de esclarecimentos e posições de diversos estudiosos da ciência e suas aplicações e posturas quanto ao método científico.

            Os exemplos citados amplamente nos auxiliam na compreensão da atividade cientifica e nos possibilitam analisar e confrontar vários posições, a fim de chegarmos à nossa própria fundamentação teórica, decidindo-nos por uma linha de pesquisa. Mostram-nos a imensa possibilidade de trabalhos que existe no campo da linguagem social, além de nos encaminhar para exposições mais detalhadas a respeito de determinados tópicos abordados, relacionando autores e bibliografias específicas.

            Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, inclusive para aceitar e até solicitar crítica rigorosa, que em muito pode enriquecer nosso trabalho.